
O mercado imobiliário brasileiro começou 2024 com expectativas otimistas, impulsionadas pela perspectiva de queda nas taxas de juros e um cenário econômico mais favorável. No entanto, ao longo do primeiro semestre, esse panorama mudou de forma significativa. O contexto macroeconômico global, especialmente a manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos e as incertezas internas no Brasil, alteraram a dinâmica de diversos setores, incluindo o mercado imobiliário.
No início do ano, havia esperança de que o governo brasileiro adotaria medidas de controle dos gastos públicos e manteria um alinhamento com o mercado financeiro, o que facilitaria uma trajetória de queda dos juros. Essa expectativa seria benéfica, especialmente para o setor de moradia e para os FIIs (Fundos de Investimentos Imobiliários), já que ambos são altamente dependentes de crédito e de condições favoráveis de financiamento. Tiago Gonçalves Prestes, especialista em mercado imobiliário, explica que “o impacto das taxas de juros é direto e imediato no setor. Quando os juros estão altos, o crédito fica mais caro e acessível a menos pessoas, o que reduz a demanda por imóveis e afeta os fundos imobiliários, especialmente os que dependem de receita de aluguel e valorização dos ativos.”
Durante o primeiro semestre de 2024, o cenário otimista se deparou com reviravoltas no Brasil e no exterior. Nos Estados Unidos, as taxas de juros foram mantidas em patamares elevados, o que trouxe um ambiente de aversão ao risco e fuga de capitais para mercados mais seguros. No Brasil, ao invés de controle fiscal e ajustes econômicos, houve aumento dos gastos públicos e declarações contraditórias do governo, gerando volatilidade no mercado financeiro. Para o setor imobiliário, isso significou mais cautela por parte de investidores e compradores.
Tiago Gonçalves Prestes observa que o impacto mais visível se deu no mercado residencial. “Com os juros elevados, menos pessoas têm acesso ao crédito necessário para comprar imóveis, o que reduz a quantidade de compradores e faz com que o mercado como um todo se ajuste para essa nova realidade”, afirma Tiago Gonçalves Prestes. Além disso, aqueles que continuam ativos no mercado tendem a buscar imóveis de menor valor ou condições mais favoráveis de pagamento, como prazos estendidos ou taxas fixas de financiamento.
No entanto, apesar das dificuldades, Tiago Gonçalves Prestes aponta que ainda existem boas oportunidades, especialmente nos FIIs, que podem ser uma alternativa interessante para quem busca investimentos no setor imobiliário com maior liquidez e menos exposição ao crédito. “Entre as categorias de FIIs, shoppings e galpões logísticos continuam sendo áreas promissoras. Com a retomada do consumo e o crescimento do comércio eletrônico, esses segmentos apresentam boas perspectivas de retorno, mesmo em um ambiente de juros elevados”, destaca Tiago Gonçalves Prestes.
Os FIIs de shoppings, por exemplo, beneficiam-se do aumento do fluxo de consumidores com a recuperação da economia, enquanto os FIIs de galpões logísticos são favorecidos pela expansão do e-commerce e a necessidade crescente de armazenamento e distribuição eficientes. “O setor de logística está em crescimento constante, e os galpões são ativos estratégicos para empresas que dependem de cadeias de suprimentos ágeis e bem estruturadas. Isso torna os FIIs de galpões uma boa aposta para investidores, mesmo em tempos de incerteza econômica”, explica Tiago Gonçalves Prestes.
Em resumo, o mercado imobiliário brasileiro enfrenta desafios com a reviravolta nos juros globais, mas oportunidades ainda existem para quem souber identificar as áreas mais promissoras. A sensibilidade do setor às condições de crédito e às taxas de juros demanda cautela, mas, ao mesmo tempo, apresenta caminhos de investimento resilientes, como os FIIs focados em segmentos estratégicos. Tiago Gonçalves Prestes conclui que, embora o cenário seja mais complexo do que o esperado no início de 2024, o mercado imobiliário ainda oferece boas oportunidades, especialmente para aqueles que buscam diversificação e estão atentos às mudanças no ambiente macroeconômico.